sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ora bolas

Francisco Valente ainda não viu o filme, mas já sabe que é "um regresso previsível às premissas e ao terreno seguro de Lost in Translation" e que " não é improvável Tarantino vir a confirmar, definitivamente, a falta de perspicácia e isenção na escolha de prémios em festivais ".

De facto, sabendo-se da 'falta de perspicácia e isenção' de Tarantino, porque raio o convidaram a ele para escolher o vencedor do Festival de Veneza deste ano e não, sei lá, Francisco Valente, que mesmo não tendo visto nenhum dos filmes a concurso, certamente faria uma escolha mais isenta e perspicaz?

2 comentários:

Francisco Valente disse...

Caro Rui,

Como poderá ter visto no que escrevi, mas que não realça no seu post, não se trata de uma crítica em relação a um filme que não vi, mas de uma opinião que lanço em relação a comentários publicados sobre o filme e, sobretudo, sobre a atribuição do prémio em si no Festival de Veneza, sustentanda por aquilo que já foram decisões anteriores de Tarantino noutros festivais, e na minha opinião criticáveis (longe do que será a carreira do cineasta que não é para aqui chamada).

Tendo em conta que os festivais de cinema não existem, geralmente, para premiar apenas o melhor filme de um grupo apenas, mas a inovação que esse filme apresenta no contexto da criação cinematográfica nesse momento, e ao se saber que "Somewhere" não representará nenhuma mudança, quer estética, quer de argumento (como é público) sobre as obras anteriores de Coppola (e que muito aprecio), exprimi a minha opinião, o que não deveria ofender, mas apenas lançar uma ideia de crítica sobre essa escolha, e não sobre o filme, naturalmente.

Quanto ao convite do Festival de Veneza ao Quentin Tarantino e não a mim, fico honrado por propôr essa eventualidade, mas o facto de eu criticar a escolha de um júri, e não o filme em si, não será por achar que a minha isenção seria maior ou melhor, pois eu próprio excluo-me desse comentário, longe tendo intenções, já que sugere, de o fazer.

Cumprimentos,

Francisco Valente

rui disse...

Bom, críticos de sensibilidade tão diferente como Jorge Mourinha e Francisco Ferreira consideraram as opções de Tarantino corajosas...

Mas eu escrevi este post, que naturalmente pretendia ser irónico, porque imbico com expressões como "um regresso previsível às premissas e ao terreno seguro de Lost in Translation". Não só porque - embora eu também por vezes caia nessa tentação - é arriscado falar de um filme que ainda não se viu como é um pouco como dizer "um regresso previsível de John Ford às premissas e ao terreno seguro dos weterns em que John Wayne é um cowboy soklitário', ou algo no género.

Posto isto, devo acrescentar, a bem da verdade, que sou um leitor habitual do Francisco Valente, quer nos blogs quer no Ipsilon e que aprecio a sua escrita.


cumprimentos, rui