Um belo dia, um dos directores de um jornal para que Ponson du Terrail trabalhava recusou-lhe um aumento, e o autor despediu-se, deixando o seu herói, Rocambole, numa situação particularmente delicada: encerrado, sem chave nem ferramentas, dentro de um cofre-forte. O director recorreu a toda a espécie de ajudas para resolver a situação e convocou os chamados "negros", escritores substitutos, como se dizia então. Todos tentaram, todos falharam. Desesperado, concedeu o aumento a Ponson, readmitiu-o e esperou pelo desenvolvimento do folhetim. No dia seguinte, recebeu do escritor a continuação do texto, que começava assim: "Tendo conseguido escapar do cofre-forte, Rocambole...". E a narração prosseguia.
in Quem disser o contrário é porque tem razão, de Mário de Carvalho
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