terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Chelsea Hotel



No Chelsea Hotel, que bem te recordo,
falavas tão docemente e com tanta convicção;
a fazer-me uma mamada na cama desfeita,
enquanto na rua as limusinas esperavam.
Estávamos em Nova Iorque e era por essa razão
Procurávamos a fortuna e o prazer;
e a isso chamavam o amor os operários da canção
provavelmente ainda chamam aqueles que o querem ser.

Mas foste-te embora, não foste querida,
pura e simplesmente viraste as costas.
Foste-te embora, nem uma vez te ouvi:
"Preciso de ti, não preciso de ti
preciso de ti, não preciso de ti", -
e todos esses disparates.

No Chelsea Hotel, que bem te recordo,
eras famosa, o teu coração uma lenda.
Repetiste-me que preferias os homens belos,
mas para mim fazias uma excepção.
E cerrando o punho por aqueles como nós
oprimidos pelas imagens da beleza,
endireitaste-te, disseste: "Bem, não faz mal
somos feios, mas temos a música."

Mas foste-te embora, não foste querida,
puseste tudo atrás das costas.
Foste-te embora, nem uma vez te ouvi:
"Preciso de ti, não preciso de ti
preciso de ti, não preciso de ti", -
e todos esses disparates.

Não pretendo sugerir que fui quem mais te amou;
Não posso dar conta de cada tordo caído.
No Hotel Chelsea, que bem me recordo -
mas é tudo, nem sequer penso muito em ti.

[Tradução de Margarida Vale de Gato e Manuel Alberto]

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