quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Uma aurazinha de satisfação pessoal

A 'falsa precisão' de que Maynard Keynes acusava os seus críticos economistas ainda perdura. Pior: adoptámos sub-repticiamente um vocabulário 'ético' enganador para reforçar os nossos argumentos económicos, concedendo-nos uma aurazinha de satisfação pessoal a partir de cálculos grosseiramente utilitários. Ao impor cortes na segurança social dos pobres, por exemplo, os legisladores, tanto no Reino Unido como nos EUA, sentiram um orgulho singular pelas 'escolhas difíceis' que haviam tido que fazer.
Os pobres votam em número muito menor que todos os outros. Não há por isso grande risco político em penalizá-los: qual é a 'dificuldade' dessas escolhas?

Tony Judt in 'Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos', Edições 70

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